quarta-feira, 30 de maio de 2012

A PRIMEIRA SANFONA

Foi o próprio Coronel Aires quem realizou o grande sonho de Gonzaga: possuir sua primeira sanfona. Tal instrumento custava a importância de cento e vinte mil réis, Gonzaga tinha só a metade, a outra o próprio Coronel adiantou, quantia esta paga mais tarde com o fruto do seu trabalho de sanfoneiro. O primeiro dinheiro ganho com a nova sanfona foi no casamento de Seu Dezinho, na Ipueira, onde ganhou vinte mil réis. Tal convite viera aumentar sua fama, começa ali a ser um respeitado sanfoneiro na região.


LUIZ GONZAGA - O REI DO BAIÃO



Hoje acordei saudoso
... Do nobre Rei do Baião
Que tanto alegrou o povo
Da cidade e do Sertão
Luiz Gonzaga é o seu nome
E o apelido é Gonzagão

Gonzagão nobre poeta
Da cultura popular
No Brasil de Norte a Sul
Fez sua estrela brilhar
Cantando Xote e Baião
Fez a sanfona falar

Na fazenda Caiçara
Nasceu o Rei do Baião
Cresceu tocando zabumba
Mais tarde acordeão
E pelo país inteiro
Mostrou a dor do Sertão

Numa sala de reboco
Dançou com o seu benzinho
Viu Asa Branca voar
Partindo triste do ninho
Mostrou o flagelo da seca
E dançou Xote de mansinho

Por um amor proibido
Luiz Gonzaga apanhou
Revoltado com os pais
O pé na estrada botou
E sem saber o que fazer
No exército se alistou

O "cabra da peste" Gonzaga
Nordestino arretado
Viajou pelo Brasil
Ainda como soldado
Mas no Rio de Janeiro
O "cabra" ficou encantado

Pediu dispensa da farda
E na zona foi tocar
Solando acordeão
Foi tentando se firmar
Tocando samba e choro
Não saia do lugar

Mas como um soldado bravo
Luiz Gonzaga insistiu
E num programa de calouros
Despontou para o Brasil
Quando a platéia de pé
Empolgada lhe aplaudiu

Aos poucos Luiz Gonzaga
Foi mostrando a Nação
Com talento e humildade
Como se canta Baião
Conquistou ricos e pobres
Na cidade e no sertão

Cantou com desenvoltura
Toada, xaxado e xote
Aboio, chamego e baião
No sudeste, sul e norte
O fole da sua sanfona
Somente calou-se com a morte

No ano oitenta e nove
O Brasil entristeceu
Quando o fole da sanfona
De Gonzaga emudeceu
Naquele dois de agosto
O Rei do Baião morreu

Gonzagão deixou saudades
No coração do Brasil
Naquela manhã de agosto
Quando daqui partiu
Mas seu canto ainda ecoa
Pelo céu azul anil

© Magno R Almeida


“Gostaria que lembrasse muito de mim, que sou filho de Januário e de Santana, que decantei os pássaros, os animais, os valentes, os covardes, os pobres, os beatos e o Nordeste, gostaria que lembrasse que este sanfoneiro amou muito seu povo e o seu Nordeste.”

Palavras do Rei do Baião.



Com essa forma poética de Luiz Gonzaga cantar a vida dura, as tristezas e, até mesmo, as doçuras do Nordeste, Gonzaga foi incorporando às suas letras toda uma postura política de defesa não só das tradições nordestinas, mas também das questões relativas ao meio ambiente e, nesse sentido, vemos a presença de um saber ecológico nas letras de suas canções, onde o popular dialoga com o ambiental, como na música “Riacho do Navio”.

O Forró pode ser considerado filho do Baião. O nome Forró era usado antigamente só para designar o local onde aconteciam os bailes; sendo considerado, somente anos depois, um estilo musical. Muitas pessoas, ainda hoje, confundem Baião e Forró, bem como o forró com outros gêneros existentes na música nordestina.

O forró tradicional é constituído por vários ritmos nordestinos como o xote, xaxado, baião, entre “O campo ambiental inclui uma série de práticas e políticas, pedagógicas, religiosas e culturais, que se organizam de forma mais ou menos instituída, seja no âmbito do poder público, seja na esfera da organização coletiva dos grupos,associações ou movimentos da sociedade civil; reúne e forma um corpo de militantes, profissionais e especialistas;formula conceitos e adquire visibilidade através de um circuito de publicações, eventos, documentos e posições sobre os temas ambientais”